A doença seria a quebra do equilíbrio, apresentando um desencontro e uma desorganização na finalidade das inter-relações. Viver bem não é apenas habitar um corpo que funcione sem nos proporcionar dor e sofrimento, seja sob aspecto físico ou psíquico.
Qualquer disfunção ou sintoma perturba o equilíbrio, provocando uma alteração no bem-estar. Essa quebra do equilíbrio desestabiliza a crença na uniformidade da vida, na segurança da permanência, e nos remete ao fato de sermos mortais e não vivermos para sempre. Faz pensar na nossa unilateralidade, no sentido da existência e no papel enquanto seres viventes.
Até a bem pouco tempo, o sentimento religioso permeava as explicações do “por que” e do “para que” vivermos; mas com o advento do dualismo cartesiano entre corpo e psique, entre a matéria e espírito, o sentido da vida também ficou dividido.
O homem moderno (dividido) não encontra mais o sentido da existência; está só frente à sua ignorância e medo, dentro do império da razão unilateral, onde o sentido do sagrado não pode mais ser encontrado. Neste mundo sem certezas, e vivendo desta forma, muitas manifestações distintas ocorrem no processo de adoecer.
A “escolha” da doença a ser desenvolvida percorre alguns critérios:
- Órgão mais fragilizado no corpo.
- Órgão não desenvolvido adequadamente, por má formação ou predisposição genética.
- Órgão correspondente ao conflito emocional.
- Órgão de maior catarse social (hierarquização do nível de gravidade das doenças).
Psicossomatizamos para integrar
O fato principal do processo de adoecer é que a doença surge como uma tentativa de externalizar o conflito emocional interno, pedir ajuda, resolver o transtorno e retornar ao equilíbrio. O corpo é a nossa casa, a nossa referência, o nosso habitar. É por meio dele que nos referenciamos frente ao mundo.
Por mais estranho que possa parecer, estes conceitos são os pontos fundamentais do entendimento da visão psicossomática.
Neste entendimento, tudo o que existe é composto de energia pura, portanto o que somos, pensamos, sentimos e produzimos deve ser entendido e reconhecido como energia.
Sabemos que a energia não se perde, se transforma, e que a energia conflitiva acumulada no nosso emocional/psicológico tem que ser externalizada de uma ou outra maneira, para poder ser transmutada.
Anderson Zenidarci
Psicólogo Clínico, Mestre em Psicologia da Saúde, Coordenador e Professor de Pós-Graduação em Psicossomática e Transtornos e Patologias Psíquicas, Supervisor Clinico, Pesquisador, Colunista da revista Psique: Ciência e Vida, Autor de dois livros sobre psicologia: 99 Procedimentos facilitadores em processos psicoterápicos e Adoeci! Por quê?
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