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O complexo Sistema Autoimune


Como é sabido, os aspectos emocionais e psicológicos afetam o corpo físico fazendo surgir as doenças, que é uma das bases da Teoria Psicossomática. Da mesma forma, entende-se que o inverso é verdadeiro, ou seja, que as doenças físicas afetam os aspectos emocional e psicológico das pessoas. Na realidade é um circulo vicioso, pois consideramos o indivíduo como um todo (holo) e indivisível e fica impossível imaginar que um aspecto não esta interligado ao outro, assim como quando adoecemos não somos uma pessoa saudável com apenas um órgão doente. Pois mesmo que a doença for localizada em um órgão especifico, entendemos que o indivíduo está doente manifestado em um órgão, que tem a correlação Psicossomática aos conflitos psicoemocionais existentes, mesmo que de forma inconsciente. A mente e o corpo fazem parte de um sistema integrado e esse fato se torna cada vez mais entendido e aceito. Não é mais possível encarar o corpo como simplesmente um objeto que espera “as peças de reposição chegarem da fábrica”.

Com este “novo” modo de conhecer e entender o ser humano, alguns transtornos passaram a ser muito estudado, pois demonstram a integração holística, são as doenças autoimunes e que tem como referência o nosso sistema autoimune.


          O sistema imune é composto de órgãos e células que tem como objetivo proteger de ameaças invasoras (vírus, bacilos, bactérias, vibriões, fungos etc) o corpo da pessoa. Os órgãos que compõem o sistema imune podem ser classificados em centrais e periféricos. Os órgãos centrais são assim denominados por serem centros de diferenciação funcional dos linfócitos, as células mais importantes do sistema imune. São representadas pelo timo e pela medula óssea. O timo é uma formação glandular localizada no mediastino, junto às paratireoides e que regride de função e tamanho com o passar dos anos. Nele, ocorre a maturação dos chamados linfócitos T ou Timodependentes, que são células defensoras. Outro grupo de linfócitos diferencia-se independentemente de migração tímica, passando a denominar-se Timoindependentes ou linfócitos B, que são os precursores dos anticorpos.


           Nos órgãos linfoides periféricos, representados pelos gânglios linfáticos, pelo baço e por estruturas linfoides diversas espalhadas pelo organismo (principalmente no aparelho digestivo, urinário e respiratório), acontecem às interações entre os fragmentos antigênicos e os diversos elementos celulares do sistema na indução e regulamentação da resposta imune. Nestas formações periféricas, dá-se a produção de anticorpos (imunoglobina) que possui a capacidade de interagir com o antígeno no sangue.

Portanto, como visto, o sistema autoimune é o responsável pela defesa do nosso corpo contra tudo aquilo que é interpretado como ameaçador e que coloca a existência do corpo em perigo. Tem como objetivo básico a preservação deste corpo dentro de níveis e equilíbrio e funcionamento satisfatório. Mas o próprio sistema autoimune, em alguns casos, apresenta desequilíbrio em suas funções de defesa e proteção, podendo denunciar disfunções de dois tipos opostos:

Hiperativismo: a atuação é tão intensa que não distingue entre as células do corpo e as estranhas a ele. Uma das características normais do sistema autoimune é a preservação do corpo, portanto em seu estado normal não destrói nenhum tipo de célula que tenha o DNA comum a todas as células e que é o código genético daquele corpo. Então, seria o seguinte: o que é entendido como “EU” é preservado e o que é “Não Eu” é destruído. Pois bem, no transtorno de hiperativismo isso se perde e as células de alguns órgãos, mesmo tendo o código genético idêntico a todo o corpo, são destruídas pelo sistema autoimune. Como doenças deste desequilíbrio na função de autodefesa do organismo pode se citar: Síndrome de Hashimoto (destruição da tireoide) e Lúpus (destruição do tecido conjuntivo, película que reveste todos os órgãos) entre várias dezenas de outros.

Hipoativismo: o sistema imunológico não se apresenta atuando ou tem uma atuação muito diminuída, não conseguindo combater as células estranhas ao corpo. Isto é, o sistema autoimune perde sua função de defesa, deixando o corpo exposto aos agressores naturais externos e também aos processos de desenvolvimento de células mutantes, que via de regra, perderam a característica genética do próprio corpo que as contem. Como doenças deste desequilíbrio na função de autodefesa do organismo é possível citar: câncer (desenvolvimento interno de células mutantes que não são destruídas e crescem formando tumores) e aquisição do HIV (contágio pelo meio externo, onde não ocorre o combate do vírus de forma eficiente), entre centenas de outras patologias.

Em ambos os casos o indivíduo apresenta vários e graves transtornos ao seu equilíbrio físico e/ ou emocional, já que não consegue ter seu aparato de defesa primário atuando a seu favor, ou seja, gerando equilíbrio e salvaguardando o organismo do indivíduo.

As doenças autoimunes não são tão raras como supomos, elas acometem cerca de 32% da população mundial. A maioria afetada é do sexo feminino (62%).

Os processos autoimunes, embora progressivamente mais conhecidos e estudados, envolvem uma série de fenômenos com toda uma aura de mistério e de complexidade, cuja natureza da etiologia compreende uma gama muito grande de indagações, teorias, suspeitas e suposições.

Hoje se tem como teoria dominante, mas nem sempre totalmente aceita, que o desenvolver de tais patologias segue todo um complexo ciclo de fases que se sobrepõem e se complementam.




Anderson Zenidarci


Psicólogo Clínico, Mestre em Psicologia da Saúde, Coordenador e Professor de Pós-Graduação em Psicossomática e Transtornos e Patologias Psíquicas, Supervisor Clinico, Pesquisador, Colunista da revista Psique: Ciência e Vida, Autor de dois livros sobre psicologia: 99 Procedimentos facilitadores em processos psicoterápicos e Adoeci! Por quê? 

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